Cerambyx cerdo
Linnaeus, 1758Trata-se de uma das maiores espécies europeias de coleóptero. É negro e atinge cerca de 6 cm de comprimento e 1 cm de largura. É xilófago, alimentando-se de madeira de árvores envelhecidas. O seu papel de decompositor inicial enfraquece a árvore, sendo prosseguido por outros insetos e pelos fungos que aproveitam as galerias para melhor penetrarem na madeira. O dimorfismo sexual é patente: os machos são significativamente maiores do que as fêmeas, tanto em comprimento do corpo como das antenas. Dispõem de mandíbulas fortes e garras potentes, nas patas. Ciclo biológico: os adultos são visíveis a partir de dos finais da Primavera ou, depois, nos princípios do Outono. Após a fecundação, a fêmea deposita os ovos nas fendas profundas da cortiça, quer do tronco, quer dos ramos. Cada fêmea pode pôr entre 100 a 400 ovos por ano. As larvas eclodem após 8 a 12 dias; após uns dias na cortiça, encaminham-se para o interior do tronco, onde vivem entre 2 a 4 anos escavando galerias. Quando alcançam entre 7 e 9 cm, a larva escava uma galeria ninfal, no interior da qual sofre o processo metamórfico. No ano seguinte, entre a Primavera e o Verão, o adulto emerge. Os adultos são agressivos entre si, mutilando-se quando se encontram no mesmo território. Não vivem mais de 2 meses; alimentam-se de seiva e de sucos vegetais exsudados das árvores. Esta espécie usa a estridulação como meio de comunicação.
Esta espécie encontra-se associada a áreas florestais com espécies do género Quercus ou a quaisquer outras áreas (e.g. parques urbanos, ao longo de estradas, etc.) onde se encontrem carvalhos velhos. As áreas mais favoráveis à ocorrência desta espécie estarão associadas a um ecossistema agro-florestal explorado em regime extensivo ou semi-extensivo, onde algumas árvores velhas são mantidas. No sul de Portugal continental está associada à distribuição de Quercus suber e do Quercus rotundifolia. Pode ainda ocorrer noutras espécies, como Betula sp., Carpinus sp., Castanea sp., Ceratonia sp., Corylus sp., Fagus sp., Fraxinus sp., Juglans sp., Robinia sp., Salix sp., Ulmus sp., etc.
Distribui-se praticamente por toda a Europa, norte de África e Ásia menor. É uma espécie essencialmente meridional, muito comum no sul de França, Espanha e Itália. Em Portugal está distribuída por todo o território continental, de forma muito dispersa.
REGISTO DE OBSERVAÇÕES ENVIADAS PELOS UTILIZADORES DO MUSEU VIRTUAL DA BIODIVERSIDADE
> Perda de habitat (destruição/substituição da floresta de folhosas de Quercus sp. resulta na redução de abrigos/áreas de alimentação disponíveis, através da eliminação de árvores mortas/decrépitas)
> Utilização de fertilizantes, pesticidas e herbicidas (fitocontaminação)
> Redução da utilização de pesticidas e fertilizantes na agricultura e na floresta
> Manutenção da área de ocupação/distribuição actual da espécie
> Monitorização da espécie
> Informar e sensibilizar o público para a conservação da espécie e do meio que a suporta