Falco naumanni
Fleischer, 1818Trata-se de um falcão de pequeno porte (alcança os 30 cm de comprimento e os 72 cm de envergadura), de asas pontiagudas, cuja principal característica é o hábito de peneirar (pairar em voo) enquanto procura presas durante a caça. Esta ave de rapina apresenta um evidente dimorfismo sexual. A cabeça é cinzento-azulada e lisa no macho, enquanto a da fêmea é acastanhada e listrada de preto. O bico é curto e robusto. O macho tem o dorso ruivo e liso, o que ajuda a diferenciá-lo do seu congénere, o peneireiro-vulgar, que é maior e tem o dorso pintalgado de preto. Existem outras características que auxiliam a distingui-lo do peneireiro-vulgar: (1) a cor azulada das coberturas supra-alares; (2) na cauda cinzento-azulada, lisa e com banda subterminal preta, tem as rectrizes centrais visivelmente mais compridas; (3) nas garras exibe unhas brancas (as do seu congénere são negras). As fêmeas, castanhas e listradas no dorso e na cauda, são muito semelhantes às fêmeas de peneireiro-vulgar, distinguindo-se pelas unhas brancas que exibem nas garras. Os juvenis apresentam uma plumagem com cor e padrão bastante semelhante à das fêmeas.
Ocorre em zonas abertas e extensas, com vegetação baixa ou rasteira, sendo dependente de áreas agrícolas para caçar, tais como campos cerealíferos, pousios e pastagens. Nidifica, com maior frequência, em edifícios abandonados ou em ruínas (e.g. castelos, torres, muralhas, igrejas, pontes), normalmente na vizinhança de agregados populacionais, e com menor frequência noutras áreas rochosas.
Em Portugal continental ocorre, exclusivamente, no sul do território, sendo uma espécie pouco abundante a nível nacional. No entanto, é localmente comum no interior do Baixo Alentejo (zona de Mértola e Castro Verde), região que alberga a maior parte dos indivíduos presentes no país. É raro no Algarve.
> Competição interespecífica (e.g. gralhas)
> Aumento de predadores de ovos e crias
> Perturbação humana em colónias/zonas de nidificação (e.g. actividades cinegéticas, turismo e lazer)
> Perseguição humana (pilhagem de ninhos)
> Linhas aéreas de distribuição e transporte de energia (mortalidade por electrocussão)
> Aumento da utilização de agroquímicos
> Conservar os habitats de alimentação e nidificação (e.g. promover cerealicultura extensiva com rotação de culturas, condicionar a intensificação agrícola em áreas importantes para a espécie, proibir a florestação e cultivo de lenhosas em áreas importantes de alimentação, restringir a construção de infraestruturas em zonas sensíveis, manter as estruturas que actualmente albergam colónias)
> Manter população reprodutora (e.g. criar novos locais de nidificação, diminuir a perturbação exercida sobre as colónias devido a obras de recuperação de edifícios)
> Controlar activamente os predadores em colónias onde se verifique predação e/ou competição interespecífica
> Diminuir actos de pilhagem de ninhos/juvenis (e.g. condicionar o acesso e aumentar a vigilância nas principais colónias, no período entre Abril e Julho)
> Estudar o impacte das linhas eléctricas de transporte de energia sobre as aves estepárias
> Regular o uso de pesticidas e adoptar técnicas de controlo de pestes alternativas
> Ordenar e regulamentar práticas de observação de aves nas áreas mais importantes para a conservação da espécie
> Inventariar as zonas com características estepárias no Alentejo
> Monitorizar os parâmetros populacionais
> Promover campanhas de sensibilização e educação ambiental para a comunidade rural e o público em geral
> Implementar o Plano Nacional de Acção para as Aves Estepárias
Previsão do impacte das alterações climáticas sobre a área de distribuição potencial do Falco naumanni na Península Ibérica, até ao ano de 2080 (clicar na imagem para ver em maior resolução).
O clima futuro foi caracterizado com base em três diferentes cenários de emissões (Araújo et al., 2012):
> o BAMBU tem como base a extrapolação das políticas europeias actuais para o futuro. Prevê a adopção de algumas medidas de mitigação das alterações climáticas.
> o GRAS pressupõe que a Europa incrementa a tendência de liberalização, desregularização e globalização dos mercados. Prevê a adaptação da sociedade às alterações do clima em detrimento da sua mitigação. As políticas de sustentabilidade são consideradas um sinónimo de crescimento económico.
> o SEDG pressupõe a integração de políticas ambientais, sociais, institucionais e económicas num contexto de sustentabilidade. É um cenário normativo que parte do pressuposto que as políticas são definidas com vista à obtenção de objectivos concretos.