ReinoAnimalia
FiloChordata
ClasseAves
OrdemAccipitriformes
FamíliaAccipitridae
Género
Espécie

Milvus migrans

(Boddaert, 1783)
Milhafre-preto
Estatuto de Conservação: LC - Pouco Preocupante
Impacte das Alterações Climáticas sobre a espécie
Saber mais

Trata-se de uma rapina de médio porte, que atinge os 60 cm de comprimento e 1,60 m de envergadura. A cabeça é acinzentada, contrastando com a restante plumagem castanha, mais escura que a do seu congénere, o milhafre-real (Milvus milvus), com o qual se pode confundir. Outra característica que ajuda na sua identificação e distinção do seu congénere é a cauda castanha (a do M. milvus é ruiva) e menos bifurcada. As asas são compridas e elegantes. Os contrastes da plumagem nas diferentes zonas do corpo são mais ténues do que ocorre no milhafre-real, que ostenta uma plumagem menos uniforme. Os juvenis têm uma coloração mais alaranjada, sendo mais propensos a confusões com o milhafre-real. Pode ser observado em grandes bandos.

Ocorre numa vasta gama de habitats, preferencialmente associados a zonas húmidas, tais como grandes massas de água (e.g. barragens, albufeiras, grandes rios). Também frequenta manchas florestais pouco densas, nomeadamente, montados ou pinhais dispersos, em mosaico com outras zonas mais abertas, às quais recorre para caçar, como terrenos agrícolas, pousios, pastagens, matos baixos e zonas urbanizadas, sobretudo aterros sanitários e estradas.

Em Portugal continental é muito comum, distribuindo-se quase por todo o território. Ainda assim, encontra-se praticamente ausente no Minho, Douro Litoral, Estremadura e no sul do Algarve, sendo relativamente abundante no vale do Baixo Mondego, e frequente no vale do Tejo e no interior alentejano.

Onde se pode encontrar:
> Degradação/alteração dos habitats (e.g. incêndios florestais, abandono da agricultura/pecuária tradicionais)
> Perseguição humana (e.g. abate ilegal, pilhagem/destruição dos ninhos, envenenamento voluntário e involuntário)
> Redução da disponibilidade trófica (e.g. recolha obrigatória dos cadáveres de gado no campo, abandono do pastoreio extensivo)
> Perigo de colisão/electrocussão em linhas aéreas de distribuição e transporte de energia
> Instalação de parques eólicos em corredores importantes para a migração e dispersão (perigo de colisão)
> Utilização de agroquímicos e pesticidas
Espécie listada no Anexo A-I (espécies de aves de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas de protecção especial) do Decreto-Lei nº 140/99, de 24 de Abril.

> Recuperação/conservação dos habitats (e.g. promover a manutenção e valorização do mosaico agro-florestal, reordenamento florestal de modo a promover espaços florestais diversificados, prevenção de incêndios)
> Ampliar as sanções legais para os prevaricadores em matéria de perseguição/abate de espécies protegidas
> Implementar um programa nacional de erradicação do uso de venenos nos meios rurais
> Aumento da disponibilidade alimentar associada às explorações agro-pecuárias (e.g. criação e gestão de campos de alimentação de aves necrófagas)
> Corrigir e sinalizar traçados e apoios da rede de distribuição e transporte de energia
> Equipar os parques eólicos com sinalizadores anti-colisão e armações de apoios seguras para aves
> Promover o desenvolvimento de estudos sobre o impacte dos parques eólicos na avifauna durante os períodos migratórios
> Promoção de campanhas de sensibilização e educação ambiental para os caçadores, agricultores e o público em geral
Accipiter korschun, Falco migrans, F. niger

Estima-se que esta espécie exista desde o Pleistocénico Superior (desde há 36.000 anos).

Foi encontrado um fóssil na Gruta da Figueira Brava.

Mais sobre esta espécie nas ligações seguintes:
Plano Sectorial da Rede Natura 2000 - Fichas de caracterização ecológica e de gestão das espécies de Aves
Disponível no portal do ICNF
Previsão da distribuição da espécie no futuro
Iberia Change | Biodiversidade e Alterações Climáticas na Península Ibérica: Mapa da espécie
Portal "Aves de Portugal"
Onde observar:
Avaliação da predação de aves de presa diurnas sobre a população de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus).
Cruz, 1999
O registo ornito- arqueológico em Portugal: inventários, comentários e mapas.
Pimenta et al. (2015)
Match between soaring modes of black kites and fine-scale distribution on updrafts.
Santos et al. (2017)

Previsão do impacte das alterações climáticas sobre a área de distribuição potencial do Milvus migrans na Península Ibérica, até ao ano de 2080 (clicar na imagem para ver em maior resolução).

O clima futuro foi caracterizado com base em três diferentes cenários de emissões (Araújo et al., 2012):
> o BAMBU tem como base a extrapolação das políticas europeias actuais para o futuro. Prevê a adopção de algumas medidas de mitigação das alterações climáticas.
> o GRAS pressupõe que a Europa incrementa a tendência de liberalização, desregularização e globalização dos mercados. Prevê a adaptação da sociedade às alterações do clima em detrimento da sua mitigação. As políticas de sustentabilidade são consideradas um sinónimo de crescimento económico.
> o SEDG pressupõe a integração de políticas ambientais, sociais, institucionais e económicas num contexto de sustentabilidade. É um cenário normativo que parte do pressuposto que as políticas são definidas com vista à obtenção de objectivos concretos.

Autor: MVBIO / Darío Estraviz López
Descrição Habitat Distribuição Multimédia Ameaças Conservação Sinonímias Fósseis