Otis tarda
Linnaeus, 1758Trata-se de uma ave de grande porte (os machos atingem o 1,05 m de comprimento e os 2,60 m de envergadura), considerada a mais pesada das aves europeias (chega aos 16 Kg, no caso dos machos). A cabeça é cinzento-azulada e o pescoço, mais esbranquiçado, é grosso e comprido. O peito é robusto. Apresenta um dimorfismo sexual acentuado, sendo notória a diferença de tamanho entre o macho (aprox. 50% maior) e a fêmea (de pescoço mais fino e tonalidades mais claras). No dorso, a plumagem é castanho-alaranjada e barrada de preto; a zona ventral é branca, tal como a parte inferior das asas, bem visível em voo. As rémiges primárias são negras. A cauda é bastante distinta. Durante a Primavera, os machos exibem longos bigodes, uma gola arruivada no pescoço e erguem a cauda, tornando-a mais espampanante. Os juvenis são semelhantes às fêmeas, embora maiores, no caso dos machos.
Ocorre em áreas extensas, abertas e planas, preferencialmente em zonas de mosaico formadas por searas, pousios, restolhos e pastagens, que possibilitam uma grande diversidade alimentar. Durante o Inverno alimenta-se em forragens, sementeiras, restolhos e olivais. Na Primavera alimenta-se, sobretudo, nos pousios, sendo também estas as áreas que os machos procuram para realizarem as suas paradas nupciais. As fêmeas nidificam no chão, em pousios ou searas pouco densas.
Apesar de ser uma espécie residente, em Portugal continental tem uma distribuição muito localizada e fragmentada. Distribui-se desde o sudoeste da Beira Baixa até ao sul do Alentejo, onde se encontram as principais zonas de reprodução, nomeadamente, no Baixo Alentejo e a leste do Alto Alentejo. A região de Castro Verde dispõe da maior concentração desta ave no território nacional, contando com, aproximadamente, metade da população do país. Ainda assim, durante o Verão é habitual existir alguma dispersão, podendo ser encontrada fora das zonas mais habituais.
- abandono agrícola
- pastoreio extensivo/sobrepastoreio
- intensificação da agricultura
- expansão de cultivos lenhosos
- florestação das terras agrícolas
- construção de estradas, albufeiras e outras infraestruturas
- expansão urbano-turística
> Ceifa e a lavoura de pousios
> Utilização de agro-químicos
> Colisão com linhas aéreas de transporte de energia
> Perturbação provocada pelas actividades humanas (e.g. birdwatching)
> O aumento de predadores de ovos e crias (e.g. cães assilvestrados)
> Promoção da cultura de cereais com rotação
> Manutenção de manchas de olival tradicional nas suas áreas de ocorrência
> Incremento da sustentabilidade económica das áreas estepárias
> condicionamento do encabeçamento nas áreas mais importantes de reprodução
> Redução no uso de agro-químicos
> Correcção de linhas eléctricas problemáticas
> Acções de sensibilização e educação ambiental
Estima-se que esta espécie exista desde o Pleistocénico Superior.
Encontrou-se um tibiotarso procedente da Gruta da Casa da Moura.
Previsão do impacte das alterações climáticas sobre a área de distribuição potencial da Otis tarda na Península Ibérica, até ao ano de 2080 (clicar na imagem para ver em maior resolução).
O clima futuro foi caracterizado com base em três diferentes cenários de emissões (Araújo et al., 2012):
> o BAMBU tem como base a extrapolação das políticas europeias actuais para o futuro. Prevê a adopção de algumas medidas de mitigação das alterações climáticas.
> o GRAS pressupõe que a Europa incrementa a tendência de liberalização, desregularização e globalização dos mercados. Prevê a adaptação da sociedade às alterações do clima em detrimento da sua mitigação. As políticas de sustentabilidade são consideradas um sinónimo de crescimento económico.
> o SEDG pressupõe a integração de políticas ambientais, sociais, institucionais e económicas num contexto de sustentabilidade. É um cenário normativo que parte do pressuposto que as políticas são definidas com vista à obtenção de objectivos concretos.