Lutra lutra
(Linnaeus, 1758)Mamífero adaptado à vida aquática, de corpo fusiforme, esbelto e alongado, que pode atingir os 90 cm de comprimento no caso dos machos, e os 75 cm no caso das fêmeas, fazendo desta espécie o maior mustelídeo que ocorre em Portugal. Na cabeça achatada, destaca-se o largo focinho, curto e arredondado, provido de compridos bigodes brancos, assim como as pequenas orelhas, relativamente arredondadas; os olhos são pequenos e negros. O pescoço é curto. O corpo encontra-se coberto por uma pelagem espessa, impermeável, curta e lustrosa, de coloração castanho-acinzentada, que contrasta com o esbranquiçado das faces, garganta e zona ventral. A cauda é longa e afilada na ponta. Os membros são curtos. Nas patas, visivelmente adaptadas à vida aquática, destacam-se as membranas interdigitais, assim como as fortes garras (elementos que tornam as pegadas bastante características). Deposita os excrementos junto às margens, geralmente em cima de rochas, sendo possível, muitas das vezes, distinguir a dieta constituída por peixes ou lagostins.
Trata-se de um mamífero de hábitos nocturnos e crepusculares, que ocorre numa grande variedade de habitats aquáticos, tanto costeiros como de águas interiores, preferencialmente em biótopos ripícolas, bem conservados, com muito alimento e coberto vegetal disponível, que proporcione zonas de abrigo diversificadas. Pode viver em ambientes de água doce (e.g. albufeiras, barragens, rios, ribeiras, pauis), água salobra (e.g. estuários) ou mesmo salgada (litoral marinho, mas menos frequente). As tocas são escavadas em áreas adjacentes aos cursos de água, geralmente no meio da vegetação, entre as raízes de árvores, podendo existir, inclusive, uma entrada subaquática.
Espécie com uma vasta distribuição na região paleártica, que ocorre, praticamente, em toda a Península Ibérica, à excepção da maioria da costa mediterrânica. Em Portugal continental distribui-se ao longo de todo o território, do norte ao sul do país, tanto no litoral como no interior, ocorrendo, aparentemente, ao longo de toda a costa e em todas as bacias hidrográficas.
REGISTO DE OBSERVAÇÕES ENVIADAS PELOS UTILIZADORES DO MUSEU VIRTUAL DA BIODIVERSIDADE
Previsão do impacte das alterações climáticas sobre a área de distribuição potencial da Lutra lutra na Península Ibérica, até ao ano de 2080 (clicar na imagem para ver em maior resolução).
O clima futuro foi caracterizado com base em três diferentes cenários de emissões (Araújo et al., 2012):
> o BAMBU tem como base a extrapolação das políticas europeias actuais para o futuro. Prevê a adopção de algumas medidas de mitigação das alterações climáticas.
> o GRAS pressupõe que a Europa incrementa a tendência de liberalização, desregularização e globalização dos mercados. Prevê a adaptação da sociedade às alterações do clima em detrimento da sua mitigação. As políticas de sustentabilidade são consideradas um sinónimo de crescimento económico.
> o SEDG pressupõe a integração de políticas ambientais, sociais, institucionais e económicas num contexto de sustentabilidade. É um cenário normativo que parte do pressuposto que as políticas são definidas com vista à obtenção de objectivos concretos.