ReinoAnimalia
FiloChordata
ClasseMammalia
OrdemCarnivora
FamíliaFelidae
Género
Espécie

Felis silvestris

Schreber, 1777
Gato-bravo
Estatuto de Conservação: VU - Vulnerável
Impacte das Alterações Climáticas sobre a espécie
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Trata-se de um felídeo de médio porte e aspecto robusto, que pode atingir os 65 cm de comprimento, no caso do macho (as fêmeas são mais pequenas), ou 1 m de comprimento total, se contarmos a cauda. Aparentemente, é semelhante a um gato-doméstico listrado, só que de maiores dimensões. Tem a cabeça larga e o focinho arredondado, e os olhos são grandes e esverdeados. A pelagem é curta e densa, geralmente listrada, notando-se um padrão de listras escuras (nunca pintas, ao contrário do gato doméstico) sobre um fundo cinzento-acastanhado ou amarelado. Uma das suas principais características é sua volumosa cauda, ornamentada por anéis negros e largos (3 a 5), arredondada e escura na ponta. Também os membros são robustos. Tal como é característico dos felídeos, possui fortes garras retrácteis.

Trata-se de uma espécie de hábitos crepusculares e nocturnos, que ocorre, tipicamente, em biótopos florestais, desde o mato mediterrânico aos bosques de caducifólias ou mistos, preferencialmente associados a zonas rochosas e com linhas de água nas proximidades. Também pode ser encontrado em áreas abertas (e.g. prados), com pouca perturbação humana, às quais recorre para caçar. Evita as zonas de agricultura intensiva.

Em Portugal continental distribui-se de norte a sul do território, mas com uma distribuição fragmentada, ocorrendo, essencialmente, no interior do país (especialmente nas zonas raianas). No litoral centro e sul, o gato-bravo encontra-se praticamente ausente. Existe a suspeita de que a espécie estará a regredir em território nacional.

Onde se pode encontrar:
> Destruição/fragmentação dos habitats e aumento da perturbação humana (e.g. alteração do uso do solo, implementação de infraestruturas como estradas e barragens, ocorrência de incêndios)
> Atropelamento (aumento da extensão de estradas e do tráfego)
> Perseguição humana (e.g. abate ilegal, caça)
> Uso ilegal de armadilhas e venenos (rodenticidas) para eliminar roedores prejudiciais à agricultura
> Hibridação com o gato doméstico (perda de entidade genética)
> Patologias transmitidas pelo gato doméstico
> Preservação/Recuperação dos habitats favoráveis (e.g. matagal mediterrânico, bosques mistos)
> Construção de corredores ecológicos
> Ampliar a fiscalização da actividade cinegética
> Ampliar as sanções legais para os prevaricadores em matéria de perseguição/abate de espécies protegidas
> Implementar um programa nacional de erradicação do uso de venenos nos meios rurais
> Combate à hibridação (controlo de gatos ferais com campanhas de esterilização, sensibilização e abate)
> Promoção de campanhas de sensibilização e educação ambiental para os caçadores, agricultores e o público em geral
> Realização de mais estudos acerca da biologia e ecologia da espécie
Mais sobre esta espécie nas ligações seguintes:
Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005)
Disponível no portal do ICNF
Previsão da distribuição da espécie no futuro
Iberia Change | Biodiversidade e Alterações Climáticas na Península Ibérica: Mapa da espécie
Análise dos factores condicionantes na distribuição de gato-bravo (Felis silvestris) no sítio Moura-Barrancos.
Ferreira (2003)
Molecular analysis of hybridisation between wild and domestic cats (Felis silvestris) in Portugal: implications for conservation.
Oliveira et al. (2008)
Hybridization versus conservation: are domestic cats threatening the genetic integrity of wildcats (Felis silvestris silvestris) in Iberian Peninsula?
Oliveira et al. (2008)
Integrating anthropic factors into wildcat Felis silvestris conservation in Southern Iberia landscapes.
Ferreira (2010)
Adequabilidade da Charneca do Infantado para o gato-bravo (Felis silvestris) e influência da presença do gato doméstico (Felis catus).
Mendes (2014)

Previsão do impacte das alterações climáticas sobre a área de distribuição potencial do Felis silvestris na Península Ibérica, até ao ano de 2080 (clicar na imagem para ver em maior resolução).

O clima futuro foi caracterizado com base em três diferentes cenários de emissões (Araújo et al., 2012):
> o BAMBU tem como base a extrapolação das políticas europeias actuais para o futuro. Prevê a adopção de algumas medidas de mitigação das alterações climáticas.
> o GRAS pressupõe que a Europa incrementa a tendência de liberalização, desregularização e globalização dos mercados. Prevê a adaptação da sociedade às alterações do clima em detrimento da sua mitigação. As políticas de sustentabilidade são consideradas um sinónimo de crescimento económico.
> o SEDG pressupõe a integração de políticas ambientais, sociais, institucionais e económicas num contexto de sustentabilidade. É um cenário normativo que parte do pressuposto que as políticas são definidas com vista à obtenção de objectivos concretos.

Autor: David Germano
Descrição Habitat Distribuição Multimédia Ameaças Conservação