Asio otus
(Linnaeus, 1758)Trata-se de uma rapina nocturna de médio porte, com cerca de 35 a 37 cm de comprimento, podendo atingir os 100 cm de envergadura. Caracteriza-se sobretudo pelo seu disco facial completo, castanho-arruivado, assim como pelos seus olhos de íris laranja e pelos tufos de penas vulgarmente chamados “orelhas”. Estas, normalmente, encontram-se visíveis, embora, quando em voo ou em repouso, possam tornar-se imperceptíveis. Apresenta uma coloração dorsal castanho-acinzentada a avermelhada, manchada de castanho; as partes inferiores são ocres, listradas de forma bastante uniforme. O bico e as unhas são escuros. Ostenta asas longas e relativamente estreitas. Na face superior da asa (na base das primárias exteriores) é possível distinguir uma mancha amarelo-alaranjada, sendo a ponta das asas e a mancha carpal escuras; na face inferior das asas, junto à articulação, nota-se uma “vírgula” mais escura. Apresenta a cauda finamente barrada. Em média, o macho é menos pesado e mais pálido, com as partes inferiores menos listradas, exibindo ainda uma face mais pálida e de tonalidade menos alaranjada que a fêmea.
Ocorre em zonas arborizadas com clareiras e bosques abertos (especialmente na época de reprodução), podendo também ocorrer em terrenos agrícolas desarborizados (principalmente durante o Inverno), por vezes em pequenos grupos. No continente ocorre preferencialmente em pinhais, carvalhais, pequenos soutos, matas ribeirinhas e montados de azinho (Quercus rotundifolia), com sobreiros (Q. suber) e pinheiros (Pinus sp.), no sul. No arquipélago dos Açores ocupa zonas de bosque ou florestas de coníferas.
Em Portugal continental tem uma distribuição alargada, de norte a sul, ocorrendo na maior parte das regiões do país. Ainda assim, não é uma presença regular no território nacional, surgindo sempre em baixas densidades. A Estremadura é a região onde aparenta ser mais abundante. Nos Açores ocorre em todos os grupos do arquipélago, embora não esteja confirmada a sua nidificação em todas as ilhas.
> Utilização de venenos e de agroquímicos
> Atropelamento
> Perigo de colisão/electrocussão em linhas aéreas de distribuição e transporte de energia
> Perseguição humana (e.g. abate/caça ilegal)
> Competição interespecífica com a coruja-do-mato (Strix aluco)
> Implementar um programa nacional de erradicação do uso de venenos nos meios rurais
> Corrigir e sinalizar traçados e apoios da rede de distribuição e transporte de energia
> Ampliar as sanções legais para os prevaricadores em matéria de perseguição/abate de espécies protegidas
> Promoção de campanhas de sensibilização e educação ambiental para os caçadores, agricultores e o público em geral
Previsão do impacte das alterações climáticas sobre a área de distribuição potencial do Asio otus na Península Ibérica, até ao ano de 2080 (clicar na imagem para ver em maior resolução).
O clima futuro foi caracterizado com base em três diferentes cenários de emissões (Araújo et al., 2012):
> o BAMBU tem como base a extrapolação das políticas europeias actuais para o futuro. Prevê a adopção de algumas medidas de mitigação das alterações climáticas.
> o GRAS pressupõe que a Europa incrementa a tendência de liberalização, desregularização e globalização dos mercados. Prevê a adaptação da sociedade às alterações do clima em detrimento da sua mitigação. As políticas de sustentabilidade são consideradas um sinónimo de crescimento económico.
> o SEDG pressupõe a integração de políticas ambientais, sociais, institucionais e económicas num contexto de sustentabilidade. É um cenário normativo que parte do pressuposto que as políticas são definidas com vista à obtenção de objectivos concretos.