Olea europaea
L.O zambujeiro ou oliveira-brava (Olea europaea var. sylvestris), trata-se de uma espécie silvestre que foi amplamente cultivada, o que levou à sua progressiva domesticação, dando origem à variante Olea europaea var. europaea, vulgarmente conhecida por oliveira. Assim, em Portugal, podem-se distinguir essas duas variantes mencionadas.
A variante domesticada (var. europaea) é uma árvore perenifólia de porte médio (pode atingir os 15 m) e copa arredondada. Tronco: grosso, tortuoso, fendido, vai retorcendo com o avançar da idade; ritidoma acinzentado. Folhas: coriáceas, opostas, simples e oblongo-lanceoladas, de pecíolo curto, inteiras e mucronadas; glabras e verde-acinzentadas na página superior e cinzento-prateadas, com pêlos, na página inferior. Flores: pequenas; cálice em forma de taça; corola constituída por quatro pétalas brancas soldadas na base; dispostas em pequenos cachos. Fruto: drupa elipsóide e oleaginosa (azeitona), inicialmente verde e que se torna mais escura com o amadurecimento; negra enquanto madura, passando por fases avermelhadas pelo meio; existem variantes em que as drupas permanecem verdes, mesmo quando maduras.
A variante silvestre (var. sylvestris) pode ter porte arbustivo ou arbóreo (podendo atingir os 10 m). Tronco: semelhante ao da variante domesticada (var. europaea); ramos inferiores espinhosos. Folhas: semelhantes às da variante domesticada, no entanto, distinguem-se pelo seu menor tamanho e pelos tons mais acinzentados. Flores: idênticas às da variante domesticada. Fruto: semelhante ao da variante domesticada, mas mais pequeno.
Nota: espécie de grande importância a nível económico, tratando-se de uma árvore amplamente cultivada, essencialmente devido ao seu elevado interesse alimentar (azeitonas, azeite).
A variante silvestre (Olea europaea var. sylvestris) ocorre em florestas esclerófilas mediterrânicas (tais como os bosques de sobro ou azinho), montados e matagais secos, em locais ensolarados. Ocorre preferencialmente em substratos pobres e pedregosos. É bastante tolerante ao calor e sensivelmente intolerante a geadas. Quando em grande número dá origem aos zambujais. A variante domesticada (Olea europaea var. europaea) ocorre nos habitats atrás mencionados, além de ser amplamente cultivada (tanto de modo tradicional como de forma extensiva) em zonas tipicamente mediterrânicas, preferencialmente em substratos argilosos, sendo mais resistente a geadas e baixas temperaturas. Pode ocorrer a altitudes mais elevadas do que a variante silvestre. Quando em grande número dá origem aos olivais.
É a espécie vegetal tradicionalmente característica da região mediterrânea, podendo afirmar-se que a sua presença auxilia na delimitação da fronteira entre esta região e a região eurosiberiana na Península Ibérica (Pinto-Gomes & Paiva-Ferreira, 2005). Ocorre desde a região mediterrânea até ao médio-oriente, sendo que, em Portugal, se distribui largamente pelo sul, centro e vale do Douro, sendo bastante comum em todo o território. Introduzida nos arquipélagos dos Açores e da Madeira.