ReinoAnimalia
FiloChordata
ClasseChondrichthyes
OrdemLamniformes
FamíliaOtodontidae
Género
Espécie

Otodus (Megaselachus) megalodon

(Agassiz, 1835)
Megalodonte
Estatuto de Conservação: NA - Não Aplicável
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Espécie de tubarão pré-histórico sem representantes atuais ao nível da família (Otodontidae). O estudo de Shimada (2019), combinando com um grande conjunto de estudos prévios, sugere que o comprimento máximo desta espécie estaria entre os 14.2 e os 15.3 metros, sendo que indivíduos com comprimento superior a 15 metros seriam uma raridade. Este tubarão é considerado um dos maiores carnívoros, e até mesmo superpredadores, que já existiu no planeta. Tratava-se de um predador de topo da cadeia alimentar, alimentando-se de cetáceos, pinípedes (focas, leões-marinhos, entre outros), peixes ósseos e, possivelmente, outros vertebrados de grande porte (Antunes et al., 2015). Os seus dentes eram de grandes dimensões, podendo atingir um comprimento máximo de 15 cm. Os bordos cortantes da coroa são serrilhados, mas menos desenvolvidos, mais regulares e relativamente pequenos. Os dentes anteriores possuem uma coroa triangular e larga. A raiz é espessa, possuindo uma protuberância lingual pronunciada, porém pouco saliente. A face labial é plana. Quanto aos dentes laterais, a coroa é mais larga e um pouco inclinada distalmente. A raiz é menos pronunciada, mais curta e redonda. Podem ocorrer dentículos laterais (Fialho, 2015). Há vários factores que poderão ter contribuído para a extinção desta espécie. Factores abióticos incluem: alterações do clima, alteração dos ritmos de upwelling, das correntes e nível médio da água do mar. Há uma série de eventos no Pliocénico médio que coincidem com a extinção deste tubarão ou, pelo menos, com a diminuição do seu alcance geográfico, tais como (1) o aumento da sazonalidade do clima marinho, (2) aumento da frequência de El-Niño no Pacífico equatorial, (3) arrefecimento global (Pliocénico superior), (4) formação do Istmo de Panamá, fechando o caminho entre os Oceanos Pacífico e Atlântico, (5) nível médio da água do mar eustático estável durante o Pliocénico inferior, (6) seguido da sua diminuição devido à glaciação durante o Pliocénico superior. Alterações oceanográficas e diminuição da temperatura da água global pós-Miocénico médio poderão ter resultado numa fragmentação de alcance geográfico desta espécie (Boessenecker et al., 2019). Contudo, devido à carência de evidências geográficas e climáticas que possam ter levado à extinção da espécie, pensa-se que um ou mais factores bióticos tenham sido os principais responsáveis. O número e diversidade de baleias com barbas (Mysticeti) de pequeno-médio porte, a principal fonte de alimento desta espécie de tubarão, diminuiu drasticamente durante o Pliocénico inferior. Além disso, o declínio desta espécie coincidiu com a distribuição global final do tubarão-branco (Carcharodon carcharias) no Pliocénico inferior. Os tubarões-brancos adultos, que possuiriam um tamanho semelhante aos Otodus (Megaselachus) megalodon juvenis, competiriam com estes por alimento. Apesar do tubarão-branco ser um possível candidato, juntando se aos factores que levaram à extinção da espécie em questão, é importante referir que a extinção do Otodus (Megaselachus) megalodon foi global e de forma assíncrona (Boessenecker et al., 2019).

Distribuição geocronológica: 20.44 – 15.97 Ma (Burdigaliano) – 3.6 Ma (Zancliano/Placenciano) – Miocénico – Pliocénico

Tratava-se de uma espécie que ocorria em vários tipos de ecossistemas marinhos, desde as zonas costeiras até ao oceano aberto, havendo evidências de que habitava os oceanos de todo o planeta, excepto na Antártida, apresentando uma distribuição praticamente global (Boessenecker et al., 2019). Apresentava um espectro bastante alargado de tolerância em relação à temperatura da água marinha, preferindo águas temperadas a moderadamente quentes (subtropicais) (Antunes et al., 2015).

Foram encontrados fósseis desta espécie, essencialmente dentes e vértebras, no afloramento da Cré, ilha de Santa Maria (Açores, Portugal); Formação de Esbarrondadoiro, Vale de Zebro, Barreiro (Setúbal, Portugal); Quinta das Pedreiras, níveis C1 e C7 (Lisboa, Portugal); em Penedo, nível Helvetiano VIa, Colares, Sintra (Lisboa, Portugal); Peniche (Leiria, Portugal) e Formação de Esbarrondadoiro, Santa Margarida, Barreiro (Setúbal, Portugal). O repositório dos fósseis para a primeira localidade é o Departamento de Biologia da Universidade dos Açores (DBUA-F). Para os restantes locais, não se encontra mencionado qual é o repositório. Não há informação acerca dos colectores nem dos métodos de colecção desta espécie, em Portugal, com excepção do fóssil de Santa Margarida (Formação de Esbarrondadoiro), que foi coleccionado por M. T. Antunes.

Carcharias megalodon, Carcharocles megalodon, Carcharodon megalodon, C. crassus, C. branneri, C. leviathan, Procarcharodon megalodon, Megaselachus megalodon
Mais sobre esta espécie nas ligações seguintes:
Les vertébrés du Burdigalien supérieur de Lisbonne.
Zbyszewski, G. (1949)
The Neogene of Algarve (Portugal).
Pais et al. (2010)
Uppermost Miocene lamniform selachians (Pisces) from the Alvalade basin (Portugal).
Antunes & Balbino (2010)
Systematics, palaeoecology and palaeobiogeography of the Neogene fossil sharks from the Azores (Northeast Atlantic).
Ávila, Ramalho & Vullo (2012)
Seláceos do Miocénico médio da bacia do baixo Tejo (Brielas, Portugal).
Fialho, P. M. S. R. (2015)
Megalodon, mako shark and planktonic foraminifera from the continental shelf off Portugal and their age.
Antunes, Legoinha & Balbino (2015)
The Early Pliocene extinction of the mega-toothed shark Otodus megalodon: a view from the eastern North Pacific.
Boessenecker et al. (2019)
The size of the megatooth shark, Otodus megalodon (Lamniformes: Otodontidae), revisited.
Shimada, K. (2019)
fossilworks.org
Ficha do Otodus (Megaselachus) megalodon
paleobiodb.org
Ficha do Otodus (Megaselachus) megalodon
Autor: Bruno Costa
Descrição Habitat Distribuição Sinonímias