Alytes cisternasii
Boscá, 1879Pequeno sapo de aspecto robusto e rechonchudo, que atinge no máximo os 5 cm de comprimento. Na cabeça curta e larga, destacam-se os olhos proeminentes, em posição lateral; a pupila é vertical e a íris dourada com pigmentação reticulada preta. Normalmente, existe uma faixa mais clara que vai de um olho ao outro. As glândulas parótidas são pequenas e o tímpano bem visível. Na zona dorsal a pele é ligeiramente verrugosa (pequenas verrugas alaranjadas ou avermelhadas), de coloração parda ou bege e com um padrão de manchas mais escuras (acastanhadas ou acinzentadas); a zona ventral é esbranquiçada. Os membros são curtos e robustos, sendo que nas patas anteriores possui duas calosidades palmares (adaptação à escavação). Na época da reprodução, são os machos que transportam os ovos, sobre o dorso, comportamento que está na origem do seu nome comum.
Esta espécie está intimamente associada aos prados e florestas abertas de carvalho (Quercus spp.) com cursos de água nas proximidades, preferencialmente em terrenos siliciosos e solos arenosos, com vegetação pouco densa. A sua reprodução ocorre em corpos de água temporários ou, ocasionalmente, em corpos de água permanentes. Encontra-se predominantemente entre os 100 e os 600 m de altitude.
Espécie endémica da Península Ibérica. Em Portugal é restrita a sul e leste, ocupando todo o país a sul do sistema de montanhas Lousã-Estrela, sendo uma presença praticamente contínua a sul do rio Tejo. A sua ocorrência estende-se para norte nas regiões orientais das províncias da Beira Baixa, Beira Alta e Trás-os-Montes. Encontra-se predominantemente entre os 100 e os 600 m, atingindo a sua altitude máxima (750 m) na Serra de Monchique (Algarve).
> Destruição/perturbação de indivíduos
> Abandono da agricultura tradicional
> Florestação ou desflorestação
> Introdução de espécies exóticas (e.g. peixes predadores exóticos, lagostim-vermelho-da-Louisiana)
> Possível contágio com doenças infecciosas num futuro próximo (e.g. quitridiomicose)
> Poluição (e.g. industrial, pecuária, urbana)
> Incêndios florestais
> Manutenção da agricultura tradicional
> Monitorização das populações vulneráveis
> Controlo/erradicação das espécies exóticas
> Controlo da poluição
> Medidas de prevenção de incêndios
Previsão do impacte das alterações climáticas sobre a área de distribuição potencial do Alytes cisternasii na Península Ibérica, até ao ano de 2080 (clicar na imagem para ver em maior resolução).
O clima futuro foi caracterizado com base em três diferentes cenários de emissões (Araújo et al., 2012):
> o BAMBU tem como base a extrapolação das políticas europeias actuais para o futuro. Prevê a adopção de algumas medidas de mitigação das alterações climáticas.
> o GRAS pressupõe que a Europa incrementa a tendência de liberalização, desregularização e globalização dos mercados. Prevê a adaptação da sociedade às alterações do clima em detrimento da sua mitigação. As políticas de sustentabilidade são consideradas um sinónimo de crescimento económico.
> o SEDG pressupõe a integração de políticas ambientais, sociais, institucionais e económicas num contexto de sustentabilidade. É um cenário normativo que parte do pressuposto que as políticas são definidas com vista à obtenção de objectivos concretos.