Otus scops
(Linnaeus, 1758)Trata-se da mais pequena ave de rapina nocturna existente em Portugal, com 19 a 20 cm de comprimento e 53 a 63 cm de envergadura. Entre as suas principais características estão os pequenos tufos na cabeça, semelhantes a “orelhas”, que estão na origem do seu nome comum. Apresenta um disco facial castanho-acinzentado pálido e olhos de íris amarela. A plumagem é ligeiramente uniforme, de coloração variável em tons castanho-acinzentados, permitindo-lhe uma eficaz camuflagem nos troncos das árvores. Quando visto de perto, é possível observar um padrão mais complexo, com riscas e manchas pretas, pintas esbranquiçadas e manchas arruivadas. O bico é cinzento e as garras castanho-acinzentadas, mais escuras nas pontas. A fêmea é, em média, mais pesada que o macho. Esta espécie tem um voo rápido e directo, pouco ondulado. É a única espécie do género Otus presente na Europa.
Trata-se de um mocho essencialmente insectívoro que se encontra associado a áreas semiabertas, compostas por um mosaico de habitats ricos em grandes insectos, interceptando zonas arbóreas que lhe proporcionem pousos discretos e cavidades para nidificar. Em Portugal ocorre em bosques pouco densos, bosquetes, pomares, soutos, montados abertos e matas ripícolas, em particular quando estes se encontram na proximidade de campos de agricultura extensiva. É ainda possível encontrá-lo em jardins e parques ou quintas, inclusive no interior de povoações. Evita áreas muito abertas, eucaliptais e pinhais extensos, assim como áreas sujeitas a agricultura intensiva e zonas de matos extensos. Nidifica em cavidades de árvores maduras, buracos de paredes ou telhados de edifícios e, por vezes, em antigos ninhos de outras espécies (e.g. pega-rabuda), podendo também usar caixas-ninho. Caça à noite e, ocasionalmente, de dia.
Em Portugal continental ocorre enquanto espécie nidificante, parcialmente migratória, chegando no início de Março e partindo em meados de Setembro/Outubro. Encontra-se distribuída por todo o país, sendo mais abundante no Nordeste Transmontano e na Beira Interior, onde é comum, sendo escassa no restante território luso.
> Utilização de pesticidas (causam a diminuição do número de presas e levam à bio-acumulação de substâncias tóxicas)
> Perseguição humana (e.g. abate/caça ilegal, pilhagem/destruição dos ninhos)
> Predação por animais domésticos
> Atropelamento
> Manutenção de práticas agrícolas e pecuárias tradicionais
> Reforço da fiscalização e aumento das sanções legais para os prevaricadores em matéria de perseguição/abate de espécies protegidas
> Promoção de campanhas de sensibilização e educação ambiental para os caçadores, agricultores e o público em geral
> Promoção da realização de censos e estudos sobre a biologia e ecologia da espécie
Previsão do impacte das alterações climáticas sobre a área de distribuição potencial do Otus scops na Península Ibérica, até ao ano de 2080 (clicar na imagem para ver em maior resolução).
O clima futuro foi caracterizado com base em três diferentes cenários de emissões (Araújo et al., 2012):
> o BAMBU tem como base a extrapolação das políticas europeias actuais para o futuro. Prevê a adopção de algumas medidas de mitigação das alterações climáticas.
> o GRAS pressupõe que a Europa incrementa a tendência de liberalização, desregularização e globalização dos mercados. Prevê a adaptação da sociedade às alterações do clima em detrimento da sua mitigação. As políticas de sustentabilidade são consideradas um sinónimo de crescimento económico.
> o SEDG pressupõe a integração de políticas ambientais, sociais, institucionais e económicas num contexto de sustentabilidade. É um cenário normativo que parte do pressuposto que as políticas são definidas com vista à obtenção de objectivos concretos.