Microtus cabrerae
Thomas, 1906Trata-se de um rato que pode atingir os 13,5 cm de comprimento (cabeça e corpo), excluindo a cauda (3 a 5 cm), figurando entre os maiores do género Microtus. A cabeça é larga e as orelhas são curtas e arredondadas. Corpo cilíndrico revestido de uma pelagem espessa e áspera, castanha-amarelada ou castanha-olivácea na zona dorsal e acinzentada a esbranquiçada na zona ventral, mais comprida que a de outras espécies do género Microtus. A cauda é curta.
Ocorre em terrenos agrícolas extensivos e sistemas agro-silvo-pastoris (e.g. montados), mais especificamente, em zonas com uma elevada humidade edáfica, dominadas por gramíneas perenes (para alimentação) adjacentes a juncos, tojos ou silvas (para protecção e abrigo). Geralmente, são zonas associadas a pequenas depressões, linhas de água, charcos temporários, margens de campos de cultivo ou bermas de caminhos. Ao que tudo indica, não tolera condições extremas de seca e/ou de humidade.
Trata-se de uma espécie endémica da Península Ibérica. Em Portugal continental tem uma distribuição muito fragmentada devido às particularidades do seu habitat, ocorrendo ao longo de uma faixa compreendida entre Trás-os-Montes, Beira Interior, Ribatejo, Estremadura, Alto Alentejo, Alentejo litoral e a Costa Vicentina (sudoeste algarvio). Aparentemente, encontra-se ausente dos extremos noroeste e sudeste do território nacional.
- Intensificação das práticas agrícolas e aumento da extensão da superfície cultivada;
- Sobrepastoreio;
- Destruição da vegetação herbácea e arbustiva nos montados;
- Limpeza de galerias ripícolas;
- Florestações;
- Abertura ou ampliação de estradas e caminhos florestais;
- Queimadas.
> Recuperar e conservar os habitats de alimentação, reprodução e abrigo (e.g. manutenção da vegetação marginal não cultivada ou pastoreada)
> Promover o aumento da área de ocupação/distribuição actual
> Promover a conectividade entre populações
> Promover o aumento dos efectivos populacionais da espécie
Previsão do impacte das alterações climáticas sobre a área de distribuição potencial do Microtus cabrerae na Península Ibérica, até ao ano de 2080 (clicar na imagem para ver em maior resolução).
O clima futuro foi caracterizado com base em três diferentes cenários de emissões (Araújo et al., 2012):
> o BAMBU tem como base a extrapolação das políticas europeias actuais para o futuro. Prevê a adopção de algumas medidas de mitigação das alterações climáticas.
> o GRAS pressupõe que a Europa incrementa a tendência de liberalização, desregularização e globalização dos mercados. Prevê a adaptação da sociedade às alterações do clima em detrimento da sua mitigação. As políticas de sustentabilidade são consideradas um sinónimo de crescimento económico.
> o SEDG pressupõe a integração de políticas ambientais, sociais, institucionais e económicas num contexto de sustentabilidade. É um cenário normativo que parte do pressuposto que as políticas são definidas com vista à obtenção de objectivos concretos.