Anguis fragilis
Linnaeus, 1758Apesar de ser frequentemente confundido com uma cobra devido ao seu aspecto serpentiforme, na verdade, este réptil é um lagarto desprovido de membros. O corpo, notoriamente comprido e cilíndrico, tem uma aparência lisa, quase vítrea. Tanto a cabeça como a cauda são praticamente indiferenciadas do corpo, sendo que os machos são um pouco mais robustos e apresentam uma cabeça um pouco mais diferenciada. Geralmente, a coloração dorsal varia entre tonalidades pardas, castanho-avermelhadas, acobreadas (quase douradas), podendo existir uma listra mais escura na zona dorsal (linha vertebral) no caso das fêmeas, ou umas pintas azuladas, no caso dos machos; as fêmeas apresentam tonalidades bastante mais escuras nos flancos. A zona ventral é acinzentada ou negra. Tal como ocorre noutros lagartos, o licranço tem a capacidade de soltar a cauda como mecanismo de defesa, possibilitando a fuga quando ameaçado. Apesar dos mitos e crenças populares apontarem o contrário, trata-se de uma espécie inofensiva, não venenosa.
Ocorre em zonas abertas e relativamente húmidas, podendo ser encontrado em clareiras ou orlas de bosques, pinhais, charnecas, prados com vegetação herbácea bem desenvolvida e áreas agrícolas. Também se encontra com frequência em jardins e hortas. Refugia-se em locais húmidos, debaixo de pedras, raízes e pedaços de madeira.
Em Portugal continental encontra-se amplamente distribuído pelo norte (onde é mais abundante) e centro do território, sendo o seu limite meridional a serra de Sintra e a Península de Setúbal. Encontra-se praticamente ausente abaixo do rio Tejo.
> Perturbação/destruição de indivíduos
> Abandono da agricultura tradicional
> Pesticidas agrícolas
> Atropelamento
> Incêndios
> Fomentar a pecuária e agricultura tradicionais
> Prevenção de incêndios
Previsão do impacte das alterações climáticas sobre a área de distribuição potencial da Anguis fragilis na Península Ibérica, até ao ano de 2080 (clicar na imagem para ver em maior resolução).
O clima futuro foi caracterizado com base em três diferentes cenários de emissões (Araújo et al., 2012):
> o BAMBU tem como base a extrapolação das políticas europeias actuais para o futuro. Prevê a adopção de algumas medidas de mitigação das alterações climáticas.
> o GRAS pressupõe que a Europa incrementa a tendência de liberalização, desregularização e globalização dos mercados. Prevê a adaptação da sociedade às alterações do clima em detrimento da sua mitigação. As políticas de sustentabilidade são consideradas um sinónimo de crescimento económico.
> o SEDG pressupõe a integração de políticas ambientais, sociais, institucionais e económicas num contexto de sustentabilidade. É um cenário normativo que parte do pressuposto que as políticas são definidas com vista à obtenção de objectivos concretos.