ReinoPlantae
DivisãoMagnoliophyta (Angiospermae)
ClasseMagnoliopsida
OrdemFagales
FamíliaFagaceae
Género
Espécie

Quercus canariensis

Willd.
Carvalho-de-monchique, carvalho-de-mirbeck, carvalho-da-argélia
Estatuto de Conservação: EN - Em Perigo
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Árvore elevada. Folhas: grandes (< 13 cm.), elíptico-lanceoladas ou obovado-oblongas (var. mirbeckii), subcordiformes, por vezes atenuadas na base, progressivamente obovadas até ao ápice, crenado-serradas a crenado-sublobadas, planas, com 10-15 pares de nervuras laterais paralelas e salientes, na página inferior; glabrescentes na face abaxial, com tomento simples, formado por tricomas fasciculados de raios compridos frisados e indumento flocoso (como algodão) na metade proximal da folha, sendo dominante junto às nervuras principal e secundárias. Pecíolo comprido (>1,5 cm).

Nota: no restante território nacional ter-se-á confundido com a hibri-espécie Quercus marianica C. Vicioso, reconhecível por ter folhas tomentosas, com tomento duplo incluindo tricomas estrelados aplicados, de raios compridos (>180 µm) e com menor número de nervuras (8-11). A ausência de tricomas estrelados em Q. canariensis é um carácter trazido por Schwarz (1936), estando a presença desse tipo de tricomas associado a fenómenos de introgressão com outros carvalhos da Sec. Galliferae, nomeadamente Q. broteroi e Q. faginea, funcionando como um excelente carácter diferencial.

Apesar da extensa distribuição calcícola no norte da África, considera-se uma planta silicícola na Península Ibérica. Em Portugal, forma bosques climatófilos em sienitos na serra de Monchique em ombrótipo húmido a hiper-húmido, extendendo-se pela Bacia do Mira, em fundos de vale, relacionado com proximidade à toalha freática (tempori-higrófilo), ou em bosques de ribeira, beneficiando simultaneamente da diminuição do índice de continentalidade (semi-hiperoceânico a sub-hiperoceânico). Assim, a principal característica ecológica, ligada à distribuição desta espécie é a presença de precipitação estival, podendo esta ser oculta, em territórios mais oceânicos (Monchique, Los Alcornocales), originada por nevoeiros de advecção ou em áreas continentais, pelo fenómeno de inversão térmica em vales profundos, com condensação de nevoeiros no final do Verão, quando as temperaturas nocturnas descem drasticamente, contrastando com as diurnas, como acontece na cordilheira Mariânica-oriental.

No território continental português ocorre apenas na serra de Monchique (batólito-sienítico) e na Bacia do Mira.

> Destruição dos carvalhais
> Corte para madeira
> Substituição das áreas potenciais por floresta de produção (e.g. pinheiro, eucalipto)
> Fogo
> Reprodução em viveiro e plantação
> Promoção e favorecimento da regeneração natural
> Promoção da dinâmica serial
> Promoção de bosques (sobreirais e carvalhais) e matos pré-florestais (medronhais e carrascais) da serra de Monchique
> Gestão das orlas herbáceas e arbustivas
Quercus mirbeckii, Q. lusitanica var. mirbeckii, Q. infectoria subsp. mirbeckii, Q. lusitanica subsp. mirbeckii, Q. canariensis var. mirbeckii, Q. carpinifolia, Q. faginea var. fagifolia
Mais sobre esta espécie nas ligações seguintes:
Ver descrição detalhada na Flora iberica (1986-2012)
Lectótipo do Quercus canariensis
Herbário do Jardim Botânico e Museu Botânico de Berlim
Flora-On: Flora de Portugal Interactiva (2014) | Sociedade Portuguesa de Botânica.
Os carvalhais marcescentes do Centro e Sul de Portugal - estudo e conservação.
Vila-Viçosa (2012)
Taxonomic peculiarities of marcescent oaks (Quercus, Fagaceae) in southern Portugal.
Vila-Viçosa (2014)
Chemical variations in Quercus pollen as a tool for taxonomic identification: Implications for long‐term ecological and biogeographical research.
Muthreich et al. (2019)
Autor: Carlos Vila-Viçosa
Descrição Habitat Distribuição Multimédia Ameaças Conservação Sinonímias