Quercus faginea
Lam.Mesofanerófito (10 m-22 m). Árvore frequentemente elevada. Tronco: adulto, ramos grossos com ritidoma com sulcos pouco profundos. Folhas: tomentosas planas, coriáceas a submembranosas, de hábito tipicamente marcescente, obovado-oblongas ou sub-elípticas arredondadas, sub-cordiformes na base e obtusas no cimo, com margem crenada a sinuada, por vezes quase lobadas (lobos normalmente inermes), menos vezes dentadas e mucronadas; nervos secundários (8 a 10) curvos, com o ápice da nervura principal tortuoso; tomento composto por tricomas estrelados de raios compridos (>170 µm), por vezes multiestrelados e multiradiais (> 8 raios). Frutos: normalmente sésseis, raramente pedunculados.
Quercus faginea subsp. broteroi (P. Cout.) A. Camus:
Caracteriza-se por atingir até 20 m de altura, com copa alargada, esférica ou elipsoidal. Tronco: erecto, com ritidoma pouco espesso, rugoso e acastanhado. Ramos compridos, ascendentes e os mais jovens pubescentes. Folhas: 4-10 x 1,5-4 cm, alternas, marcescentes, subcoriáceas, ovado-lanceoladas ou elípticas, com margens onduladas, dentadas ou serradas, com dentes triangulares agudos, obtusos ou mucronados. São glabras ou glaberescentes, verdes na página superior e tomentosas na inferior. Flores: masculinas em amentilhos (4-8 cm) e as femininas em amentilhos paucifloros, florescendo de Fevereiro a Maio. Fruto: glande, 15-35 x 10-20 mm, séssil ou com pedúnculo até 2,5 cm.
Espécie neutrófila, que desenvolve em todos os tipos de solos (embora preferencialmente basófila, com predominância em calcários, podendo ocorrer em cambissolos êutricos e dístricos ou granitóides ricos em feldspato), em zonas com clima mediterrânico continental com grandes amplitudes térmicas e de humidade ou subatlântico, de 200-1400 m.s.m. Tende a ocorrer em áreas termófilas e vales encaixados, protegidos das geadas e diminuição acentuada das temperaturas mínimas de Inverno. Forma bosques climatófilos a partir de ombrótipo sub-húmido superior ou em áreas hiperoceânicas e bosques tempori-higrófilos, face aos bosques perenifólios em áreas de ombrótipo seco a sub-húmido inferior.
Na serra de Monfurado (Évora e Montemor-o-Novo), a subespécie Quercus faginea broteroi (P. Cout.) A. Camus também se encontra nas margens de ribeiras, encostas frescas e vales encaixados. Ocorre frequentemente em povoamentos mistos irregulares com outras espécies do género Quercus (Q. rotundifolia e Q. suber), com os quais pode hibridar, o que dificulta a sua identificação.
Nota: planta bioindicadora do habitat 9240 Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Quercus canariensis, com presença dominante de indivíduos arbóreos.
Quercus faginea Lam.: ocorre por todo o centro e sul do país, até ao vale do Rio Douro, estando ausente das montanhas do sector Galaico-Português e Província Oro-Lusitana Atlântica, cedendo lugar aos carvalhais de Q. robur e Q. pyrenaica.
Quercus faginea subsp. broteroi (P. Cout.) A. Camus: atualmente, na serra de Monfurado (Évora e Montemor-o-Novo), ocorre em pequenas manchas ou em indivíduos isolados.
> Sobrecolheita de material lenhoso (podas e madeira)
> Destruição dos bosques
> Alteração do uso do solo devido a parqueamento de gado bovino
> Fogos
> Arborização e recuperação de povoamentos de carvalho-cerquinho nas suas áreas potencias e em áreas de co-dominância com Quercus perenifólias
> Protecção dos carvalhais de carvalho-cerquinho (habitat 9240) e inclusão em redes de reservas naturais
Quercus faginea subsp. broteroi:
Na serra de Monfurado (Évora e Montemor-o-Novo), existem pequenas áreas bem conservadas, mas a maioria da área de ocupação está alterada por invasão de outras espécies arbóreas (Q. suber, Q. rotundifolia, Alnus glutinosa, Fraxinus angustifolia, Salix spp.), ou com um grau de alteração antrópica de moderado a elevado.
> Incremento da área de ocupação
> Melhoria do estado de conservação dos espécimes da serra de Monfurado
Observação: Desde épocas remotas, os carvalhais de carvalho-cerquinho têm sido objeto de arroteamento para agricultura, obtenção de madeira e combustível. Atualmente as áreas que existem são, na sua maioria muito pequenas, transformadas em bosquetes e sebes, e representam o remanescente de uma área que deveria ser muito alargada.