Pleurodeles waltl
Michahelles, 1830Trata-se do maior urodelo do continente europeu, podendo atingir os 30 cm (aprox.) de comprimento. De cabeça larga e achatada e olhos pequenos, proeminentes e dorsoventrais. O corpo, também ele achatado, termina numa cauda comprida e lateralmente achatada (mais larga nos machos), provida de uma pequena crista (mais saliente nos machos), por vezes alaranjada. No dorso, a pele é áspera e verrugosa, pintalgada de pontos negros/ocres sobre uma matriz que varia entre tonalidades castanhas, cinzentas ou esverdeadas; o ventre é mais claro, variando entre o branco-acinzentado e o amarelo-alaranjado. Um das suas principais características é a existência de sete a nove saliências glandulares de cor amarelo-alaranjada, dispostas linearmente nos flancos, ao longo do corpo. Estas são coincidentes com os extremos das costelas, sendo responsáveis pelo nome vulgar da espécie. Possuem a capacidade de expandir as pontas das costelas através dessas saliências, como mecanismo de defesa. Durante a época de acasalamento os machos apresentam membros mais robustos, uma região cloacal mais saliente e desenvolvem calosidades mais escuras nos dedos; nesse mesmo período, as fêmeas exibem um ventre mais inchado.
Ocorre em habitats aquáticos bastante diversos, tais como lagoas, lagos, valas de irrigação e córregos lentos com muita vegetação em redor, em zonas de matagal, bosques, montados ou áreas agrícolas. Podem ser observadas em pedras ou na lama. A fêmea deposita os ovos em plantas ou pedras nas lagoas. Trata-se de uma espécie típica de planície, tornando-se rara acima dos 900 m de altitude. Adapta-se a ambientes ligeiramente modificados.
Em Portugal ocorre ao longo de todo o país, mas apenas em zonas quentes não montanhosas, destacando-se a sua presença a sul do território, onde é mais numerosa.
REGISTO DE OBSERVAÇÕES ENVIADAS PELOS UTILIZADORES DO MUSEU VIRTUAL DA BIODIVERSIDADE
> Destruição/perturbação de indivíduos
> Florestação ou desflorestação
> Abandono da agricultura tradicional
> Introdução de espécies exóticas (e.g. peixes exóticos, lagostim-vermelho-da-Louisiana)
> Poluição (e.g. industrial, pecuária)
> Incêndios florestais
> Manutenção da agricultura tradicional
> Monitorização das populações vulneráveis
> Controlo/erradicação das espécies exóticas
> Controlo da poluição
> Medidas de prevenção de incêndios
Estima-se que esta espécie exista desde o Pleistocénico Superior.
Foram encontrados os seguintes fósseis desta espécie na Guia (Algarve): 4 atlas; 25 vértebras pré sacrais; 4 vértebras pós sacrais; 8 costelas; 2 fémures; 2 tíbias, 4 úmeros, 2 escápulas.
Previsão do impacte das alterações climáticas sobre a área de distribuição potencial da Pleurodeles waltl na Península Ibérica, até ao ano de 2080 (clicar na imagem para ver em maior resolução).
O clima futuro foi caracterizado com base em três diferentes cenários de emissões (Araújo et al., 2012):
> o BAMBU tem como base a extrapolação das políticas europeias actuais para o futuro. Prevê a adopção de algumas medidas de mitigação das alterações climáticas.
> o GRAS pressupõe que a Europa incrementa a tendência de liberalização, desregularização e globalização dos mercados. Prevê a adaptação da sociedade às alterações do clima em detrimento da sua mitigação. As políticas de sustentabilidade são consideradas um sinónimo de crescimento económico.
> o SEDG pressupõe a integração de políticas ambientais, sociais, institucionais e económicas num contexto de sustentabilidade. É um cenário normativo que parte do pressuposto que as políticas são definidas com vista à obtenção de objectivos concretos.