Quercus suber
L.Mesofanerófito (10 m-22 m). Árvore perenifólia mais ou menos elevada, 10-15 (25) m de altura, de copa ampla e arredondada, por vezes, irregular e com raízes superficiais que produzem ladrões. Tronco: grosso face à altura, com ritidoma suberoso profundo (cortiça), elástico e aberto em fendas longitudinais (muito gretado), cinzento escuro; amarelo, alaranjado e castanho-escuro no tronco e ramos descortiçados. Folhas: 2,5 a 10 cm x 1,2 a 6,5 cm, coriáceas, persistentes (até 3 anos), alternas, simples, pecioladas ovadas ou oblongas, a sub-lanceoladas, ordinário arredondadas ou subcordiformes na base e aguçadas no cimo; convexas para a página superior, serradas e mucronadas, com a face adaxial verde-escura glabra a glabrescente e a face abaxial acinzentada, com tomento estrelado-cotanilhoso; nervura principal sinuosa (principalmente no ápice), com 5 a 7 pares de nervuras secundárias, sem bifurcações (nervação terciária) e inseridas em ângulos inferiores a 45-50º com a nervura principal. Flores: masculinas em amentilhos (4-8 cm) e as femininas solitárias ou em pares. Floração: sub-contínua, maioritariamente de Abril a Julho. Fruto: glande (bolota) 20-45 x 10-18 mm, com pedúnculo de 5-40 mm, cúpula cónica a semi-hemisférica com escamas livres compridas e aveludadas, desde ovado-lanceoladas, linear-lanceoladas a sub espatuladas. Frutificação marcadamente bianual, podendo ser anual, quando em estações ecológicas mais húmidas.
O sobreiro foi designada árvore nacional a 22 de Dezembro de 2011 (Resolução da Assembleia da República nº 15/2012).
Considerada uma planta calcífuga, pode ocorrer em calcários lixiviados ou mármores (carbonato de cálcio indisponível). Tipicamente silicícola, tem preferência por solos oligotróficos e áreas oceânicas de ombrótipo seco-superior a hiper-húmido, formando bosques edafoxerófilos e secundários quando em áreas de vegetação potencial marcescente ou caducifólia, nomeadamente na fracção temperada do país. Intolerante à diminuição das temperaturas mínimas de Inverno, está ausente nas cinturas supramediterrânicas e supratemperadas, normalmente em áreas acima dos 1000 m.
Na serra de Monfurado (Évora e Montemor-o-Novo) constitui bosques (sobreirais) e montados puros. Nos mistos, consocia-se com Q. rotundifolia e, com menos frequência, com Q. faginea subsp. broteroi e Q. pyrenaica, espécies com as quais pode hibridar. Desenvolve-se bem em todos os solos de textura leve a média e pH ácido ou neutro, mas evita os calcários. Tem preferência por zonas frescas e abrigadas.
Nota: planta bioindicadora dos habitats 6310 Montados de Quercus spp. de folha perene e 9330 Florestas de Quercus suber.
Todo o território de Portugal continental, em indivíduos isolados, e desde pequenos grupos no norte do país a grandes manchas a sul do Tejo, em bosques e/ou montados (extensos povoamentos na parte oeste do Alentejo e na bacia do Tejo), excepto nas áreas secas-inferiores do vale do rio Guadiana, áreas secas e continentais de Trás-os-Montes e em altitudes aproximadamente acima dos 1000 m nas montanhas do centro e norte. Trata-se de uma espécie muito comum na Serra de Monfurado (Évora e Montemor-o-Novo).
REGISTO DE OBSERVAÇÕES ENVIADAS PELOS UTILIZADORES DO MUSEU VIRTUAL DA BIODIVERSIDADE
> Transformação em montado
> Trânsito pedonal e de veículos
> Planeamento florestal desadequado por aceiramento abusivo e desmatação do sub-bosque para prevenção de fogos
> Escassez de informação sobre a naturalidade e o valor do habitat para a conservação
Montado:
> Envelhecimento e desadensamento por ausência de regeneração natural e plantação de novos indivíduos
> Praga e doenças
> Podas excessivas e sobre-pastoreio por gado bovino
> Abandono do sistema silvícola tradicional
> Práticas agrícolas destrutivas
> Promoção da dinâmica sucessional do habitat 9330 Florestas de Quercus suber, com protecção e favorecimento das espécies arbustos pré-florestais
> Melhorar o estado sanitário e a estrutura etária das árvores
> Controle do encabeçamento do gado bovino nos montados
> Promoção da regeneração natural (montados inequiénios)
> Controle das mobilizações do solo nos montados e promover a protecção das pastadeiras