Quercus rotundifolia
Lam.Mesofanerófito (10 m-22 m). Árvore perenifólia, mais ou menos elevada, até 20 m de altura, de copa ampla e irregular (normalmente sub-arredondada), por vezes com porte arbustivo quando em biótopos desfavorecidos (xerofíticos) como cristas ou afloramentos rochosos. Sistema subterrâneo profundo, com raízes horizontais e bastantes rebentos de toiça (“ladrões”); rebentos muito jovens com tomento esbranquiçado. Tronco adulto e ramos grossos com ritidoma não suberoso, fendido (muito gretado), cinzento a cinzento escuro. Folhas: 2-5 x 1-3 cm, alternas, persistentes e muito coriáceas, pequenas, pecioladas, oblongo-ovadas (arredondadas) a lanceoladas, por vezes sub-orbiculares, outras sub-cordiformes, com margens dentado-espinhosas, a inteiras nalgumas variedades, normalmente mucronadas; menos de 8 pares de nervuras secundárias, frequentemente bifurcadas no ápice e formando ângulos > 50º com a nervura principal, quase perpendiculares na metade proximal da folha; verde-escuras na página superior, glabrescentes com pêlos estrelados, verde-acinzentadas (glaúcas) na página inferior, cobertas de pêlos estrelados e fusionados-estrelados. Flores: as masculinas em amentilhos (3-8 cm) e as femininas, solitárias ou em pares, florescendo de Fevereiro a Maio. Fruto: glande (bolota) com 15-35 x 8-18 mm, séssil, cúpula semi-hemisférica ou turbinada, com as escamas pubescentes ovado-lanceoladas, apertadas e imbricadas. Bolota doce a adstringente.
Espécie indiferente edáfica, exceptuando os solos arenosos. Vegeta em solos esqueléticos, pedregosos e rochosos, pobres em húmus, com humidade edáfica média ou reduzida. Forma bosques climatófilos em áreas de ombrótipo seco, e em substratos carbonatados em ombrótipo seco-sub-húmido inferior. Forma bosques edafoxerófilos, em todas as restantes tipologias, desde a fracção mediterrânica ao mundo temperado. Tem preferência por regiões com Verões muito quentes e secos, mas resiste a temperaturas mínimas invernais muito baixas, podendo viver em todas as altitudes de Portugal continental, substituindo os sobreirais.
Na serra de Monfurado (Évora e Montemor-o-Novo) constitui bosques (azinhais) e montados puros e mistos, consociado com Q. suber. Ocorre frequentemente em povoamentos mistos irregulares com outras espécies do género Quercus (Q. suber, Q. faginea subsp. broteroi e Q. coccifera), com as quais pode hibridar.
Nota: planta bioindicadora dos habitats 6310 Montados de Quercus spp. de folha perene e 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia pt1 Bosques de Q. rotundifolia sobre silicatos e pt2 Bosques de Quercus rotundifolia sobre calcários.
Espécie comum em Portugal continental, sobretudo nas zonas mais continentais e interiores do país (mediterrânicas) e ausente no norte e centro sob influência atlântica. Espontânea ou cultivada desde a Terra-Quente transmontana até ao Algarve, com maior frequência a sul do Tejo, em bosquete (azinhal) e/ou em montado puro ou misto com Q. suber.
Trata-se de uma espécie muito comum na Serra de Monfurado (Évora e Montemor-o-Novo).
REGISTO DE OBSERVAÇÕES ENVIADAS PELOS UTILIZADORES DO MUSEU VIRTUAL DA BIODIVERSIDADE
> Maioria dos azinhais alterados (quase todos apresentam um grau significativo de alteração antrópica)
> Transformação em montado
> Trânsito pedonal e de veículos
> Planeamento florestal desadequado por aceiramento abusivo e desmatação do sub-bosque para prevenção de fogos
> Escassez de informação sobre a naturalidade e o valor do habitat para a conservação
> Incêndios florestais
> Despejo de lixo e entulhos
Montado:
> Envelhecimento e desadensamento por ausência de regeneração natural e plantação de novos indivíduos
> Podas excessivas, pastoreio extensivo sob coberto e suiniculturas a céu aberto (serra de Monfurado)
> Abandono do sistema silvícola tradicional
> Práticas agrícolas destrutivas
> Promover da dinâmica sucessional, proteção e favorecimento das espécies arbóreas e arbustos pré-florestais do habitat 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia pt1 Bosques de Q. rotundifolia sobre silicatos e pt2 Bosques de Quercus rotundifolia sobre calcários
> Melhorar o estado sanitário e a estrutura etária das árvores
> Proteger e favorecimento das espécies arbóreas e arbustos pré-florestais nos ecossistemas
> Controlar o encabeçamento do gado bovino nos montados
> Promover da regeneração natural (montados inequiénios)
> Controlar as mobilizações do solo nos montados e promover a proteção das pastadeiras
> Interditar a criação e a manutenção de suiniculturas à céu aberto.
> Executar medidas orientadas para a prevenção e redução de risco de incêndio
> Reforçar a fiscalização sobre a deposição de resíduos no habitat 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia