Tyto alba
(Scopoli, 1769)Trata-se de uma rapina nocturna de médio porte, com cerca de 33 a 35 cm de comprimento e 85 a 93 cm de envergadura. Possui um corpo delgado, asas longas e patas compridas. Destaca-se pelo seu disco facial pálido, com uma bordadura mais escura, em forma de coração; o bico é rosado e os olhos marcadamente escuros. Apresenta uma plumagem muito clara, em que as partes superiores são cinzentas e ocres, e as inferiores variam do branco quase puro ao laranja-amarelado, dependendo da subespécie (podendo ainda ocorrer variações dentro de cada subespécie). As garras são acastanhadas ou pretas. O macho é normalmente mais pálido, apresenta menos marcas no dorso e no ventre, e é, em média, menos pesado que a fêmea. Esta espécie apresenta um voo lento, ondulante e extremamente silencioso.
Ocorre numa vasta tipologia de habitats, sendo mais abundante em terrenos cultivados e quintas, áreas abertas e bosques pouco fechados. Em Portugal frequenta uma grande variedade de biótopos, desde áreas abertas, como as lezírias e estepes cerealíferas, a áreas agrícolas que apresentem um mosaico de paisagens, jardins e povoações, assim como áreas florestais pouco densas, onde se incluem montados de sobro (Quercus suber) e azinho (Q. rotundifolia) e soutos. Evita as manchas florestais densas, em particular de resinosas. Também pode ocorrer no interior de cidades. Nidifica, frequentemente, em estruturas construídas, em quintas, montes, moinhos, celeiros, ruínas, igrejas, mesmo em grandes povoações. Constrói o ninho em cavidades nas árvores ou em edifícios, fendas nas rochas e pedreiras; também pode utilizar caixas-ninho. Trata-se de uma ave sedentária que se alimenta, maioritariamente, de pequenos mamíferos. Sendo uma espécie predominantemente nocturna, também pode apresentar actividade crepuscular.
Em Portugal, verifica-se a existência de uma população estável, com uma distribuição ampla. Esta espécie ocorre por todo o território continental, mas, aparentemente, é mais comum no centro e sul, sendo relativamente rara nas zonas de maior altitude. Na Madeira ocorre a subespécie endémica Tyto alba schmitzi, a única ave nocturna existente neste arquipélago.
> Intensificação e crescente mecanização da agricultura
> Uso de agroquímicos e de iscos com veneno (rodenticidas) para eliminar roedores prejudiciais à agricultura
> Perseguição humana (e.g. abate/caça ilegal, pilhagem de ninhos, aprisionamento)
> Atropelamento
> Restrição no uso de pesticidas
> Implementação de medidas de gestão de habitat nas Áreas de Caça
> Ampliar a fiscalização e as sanções legais para os prevaricadores em matéria de perseguição/abate de espécies protegidas
> Aplicação de medidas mitigadoras relativamente aos atropelamentos nas estradas
> Promoção de campanhas de sensibilização e educação ambiental para os caçadores, agricultores e o público em geral
> Realização de estudos sobre a biologia e a ecologia da espécie
Previsão do impacte das alterações climáticas sobre a área de distribuição potencial da Tyto alba na Península Ibérica, até ao ano de 2080 (clicar na imagem para ver em maior resolução).
O clima futuro foi caracterizado com base em três diferentes cenários de emissões (Araújo et al., 2012):
> o BAMBU tem como base a extrapolação das políticas europeias actuais para o futuro. Prevê a adopção de algumas medidas de mitigação das alterações climáticas.
> o GRAS pressupõe que a Europa incrementa a tendência de liberalização, desregularização e globalização dos mercados. Prevê a adaptação da sociedade às alterações do clima em detrimento da sua mitigação. As políticas de sustentabilidade são consideradas um sinónimo de crescimento económico.
> o SEDG pressupõe a integração de políticas ambientais, sociais, institucionais e económicas num contexto de sustentabilidade. É um cenário normativo que parte do pressuposto que as políticas são definidas com vista à obtenção de objectivos concretos.